quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Jesus nos ensina a sermos mestres



“Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa, foi para a beira do lago da Galileia, sentou-se ali e começou a ensinar. A multidão que se ajuntou em volta dele era tão grande, que ele entrou num barco e sentou-se; e o povo ficou em pé na praia. Jesus usou parábolas para ensinar muitas coisas. Ele disse: — Escutem!” Mt 13.1-3ª (NTLH)

Temos aqui a oportunidade de observar Jesus como mestre.

Que atitudes interessantes ele tomava diante da multidão que queria ouví-lo e que ele, por sua vez, queria ensinar?

Não é fácil encarar uma multidão. E, talvez, nunca tenhamos uma multidão para nos ouvir, mas é bem possível que, em algum momento, sejamos surpreendidos com um número maior do que esperávamos.

Repare que não era apenas uma multidão, era uma grande multidão que estava acompanhando Jesus.

Vejamos algumas lições preciosas sobre o comportamento de um mestre. Não quero apontar técnicas de ensino ou métodos pedagógicos, apenas indicar algumas simples ideias e alguns procedimentos interessantes a partir do que Jesus fez para poder ensinar o máximo e o melhor possível.

1. Mantenha o foco. O objetivo do mestre é ensinar, uma única pessoa ou milhares. Para o mestre não tem diferença.

Vale observar que Jesus não se encantava com as multidões. Ele sabia que toda aquela gente estava ali para receber alguma coisa e muitos poucos realmente dariam atenção ao que ele ensinava.

Se encantar com a quantidade ou a qualidade do público ouvinte é o pior veneno para um mestre; ele dá mais atenção ao público que ao ensino. Não que aja problema nisso. Aliás, o mestre não pode perder de vista como o seu público está reagindo. Só assim ele saberá o que fazer para não perder a atenção de seus alunos. Mas, se encantar ao ponto de apenas querer ver reações positivas e de entusiasmo dos ouvintes é o caminho certo para perder-se no processo ensino-aprendizagem. O mestre não é um showman (showoman) é um facilitador da aprendizagem. Sua meta não é divulgar sua pessoa, mas promover a prática de seu ensino.

2. Chegue antes de seus alunos. Mostre que está pronto para ajudá-los a aprender.

Essa é uma das dicas mais dadas em treinamentos de professores. Não porque os professores não saibam, mas porque a administração do tempo e controle sobre sua preparação ainda é o maior problemas da maioria dos mestres.

Jesus saiu de casa e foi para a beira do mar da Galileia e começou a ensinar, conforme as pessoas iam chegando. Uma demonstração de tranqüilidade de que ele estava pronto, de que ele sabia o seu lugar, de que o seus ouvintes não ficariam órfãos no início de sua aula.

Chegar com antecedência, arrumar o material da aula, verificar se haverá acomodação para todos, receber os alunos com alegria e cumprimentos, fará com que os alunos percebem compromisso do professor. O professor não está ali apenas cumprindo tabela. Até quando o professore espera por seus alunos e se mostra disponível e acessível, ele está ensinando mais do que quando está falando.

3. Tenha calma. Procure demonstrar tranqüilidade a partir de sua chegada. Os alunos se acalmarão observando você e sabendo que tudo está pronto para o início da aula.

Repare na postura de Jesus quando começa a ensinar. Ele se assenta.

Quando ele procura um lugar para sentar e começa a ensinar ele demonstra tranqüilidade e controle do ambiente.

Não estou dizendo que o professor deva ensinar sentado. Eu, particularmente, não gosto e não oriento ficar sentado enquanto se dá ums aula. Mas, há momentos na aula que sentar-se e falar olhando nos olhos dos alunos mostra que o que você falará é de extrema importância, e que você tem segurança naquilo que está falando.

Lembre-se, você não está à frente para mobilizar uma campanha ou uma manifestação. Movimente-se na sala com tranqüilidade, use modulações diferentes de sua voz, sente-se, levante-se. Mas faça tudo com tranqüilidade.

4. Adapte-se à situação. Esteja atento às mudanças necessárias no seu estilo, em sua posição em sala e até no método de ensino.

Preparar-se com antecedência, levar o material certo para sala de aula, certificar-se que os equipamentos eletrônicos funcionarão, definir as ações em sala de aula, tudo isso é fundamental para uma boa aula. Mas, às vezes somos pegos de surpresa em algum imprevisto.

Jesus começou assentado à beira mar. Mas, a multidão começou a crescer e ele já não podia obter o mesmo resultado onde estava. Buscou um barco ancorado à margem e dali continuou sua aula.

Ora, vejo aqui algumas coisas bem interessantes: 1. Jesus mudou sua posição em sua sala de aula para ser melhor visto e ouvido; 2. Utilizou o melhor que tinha em mãos ou mais próximo, um barco – não ficou procurando e esperando o ideal. Não adianta dizer que o que preparou não foi para a atual realidade, é preciso estar preparado para adaptar-se. Nessas horas é melhor agir que ficar reclamando ou esperando.

5. Fale para ser ouvido. Mantenha uma certa distância de forma que você não fique perto demais do primeiro ouvinte e nem longe demais do ultimo.

O barco que Jesus arrumou para sentar-se e continuar a ensinar, não foi só uma solução para melhorar sua visibilidade, serviu para manter os ouvintes a uma distância ideal para que todos ouvissem com qualidade. Isso é algo que muitas vezes não pensamos.

Quando estamos em uma sala pequena com muita gente, somente as pessoas mais próximas te ouvirão, porque teremos a tendência de falar mais baixo. Ao contrario que imaginamos a proximidade exagerada não ajuda, atrapalha o som da voz propagar e chegar com clareza aos que estão mais no fundo, além de dar a você a sensação de que está falando alto demais, por causa da barreira ao som com as pessoas mais próximas a você. E se você falar mais alto os de perto ficarão desconfortáveis. O melhor é manter uma distância razoável entre você e os primeiros ouvintes. Quer números? Talvez o ideal seja entre 2 e 2 ½ metros.


Para terminar, é bom lembrar que mesmo Jesus não agradou a todos os seus ouvintes. Afinal, seu objetivo não era apenas agradar – talvez a menor de sua preocupação e se é que ela existia – mas de proclamar a verdade. Por isso, ele chamava a atenção de sua platéia dizendo “escutem”, “prestem atenção”, “olhem”, “observem”. O que temos para ensinar tem de merecer ser ouvido e nós, mestres, somos responsáveis pela visão que nossos alunos tem a respeito do que ensinamos.

Afinal, se somos mestres nossos alunos são nossos discípulos. E o discípulo apenas pisa nas mesmas pegadas de seu mestre. Portanto, como encaramos o ensino e o compromisso que temos com o que ensinamos, assim também pensarão e serão nossos alunos.

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